Perante três estudos
realizados, o “Net Children Go Mobile - Risks
and opportunities” a nove países da Europa inclusive Portugal, o “Tic Kids Online 2012” ao Brasil e o “Net Children Go Mobile - Crianças e meios
digitais móveis em Portugal” a Portugal, foi possível analisar cinco
indicadores de adição de dependência da internet. Resultante da comparação
destes mesmos estudos verificou-se que a situação de Portugal e do Brasil é
muito semelhante 12,4% e 12,2% dos inquiridos possui pelo menos um dos
indicadores, já os países europeus apresentam piores resultados com 15,4% a
apresentarem pelo menos um indicador.
Porém, o uso excessivo é muito
mais do que a dependência da internet, pois deste podem resultar vários
problemas ao nível da visão, da audição, muscular, da postura e do sono. Outro
estudo realizado pelo ISPA (Instituto Universitário de Ciências
Psicológicas, Sociais e da Vida) a cerca de 900 adolescentes e jovens
portugueses dos 14 aos 25 anos, através de três
fases de aplicação de questionários, concluiu que cerca de 70% dos
jovens portugueses possuem sinais de dependência da internet, de entre os quais
13% são de nível considerado grave. Assim sendo, dos jovens que possuem sinais
de dependência grave podem resultar em comportamentos violentos, afastamento e
até mesmo levar à necessidade de tratamento. Este mesmo estudo revela ainda que os jovens dependentes são sobretudo do
sexo masculino, não têm relacionamento amoroso e frequentam o ensino
secundário.
Além de todos os riscos que o uso
excessivo da internet pode trazer, este pode vir a ser considerado uma
perturbação mental.
A Associação
Americana de Psiquiatria que tem a seu cargo a edição do DSM (Manual de
Diagnóstico das doenças mentais), que é considerado a “bíblia” para os
profissionais da área, está a considerar a hipótese de vir a incluir a
“perturbação da internet”, ou seja, o uso excessivo das novas tecnologias, na
sua próxima revisão de obra. O que levará então a dependência da Internet
integrar o catálogo das perturbações ao nível psiquiatro. A nível nacional, o Plano Nacional dos
Comportamentos Aditivos e das Dependências 2013-2020, aceite pelo Conselho de
Ministros, pressupõe o alargamento da área de interveniência do SICAD (Serviço de
Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências) às
dependências sem substância como o jogo ou a Internet.
Atualmente, já
existe em Portugal um hospital, situado em Lisboa, o Hospital de Santa Maria,
que no seu serviço de psiquiatria possui um “Núcleo de utilização problemática
da Internet” acerca de um ano, pois é considerando um problema muito alarmante.
Este foi criado para responder aos variados pedidos de consulta para problemas
de adolescentes e jovens que usam de forma exagerada as novas tecnologias,
principalmente os jogos online e para
dar apoia a diversas escolas da zona.
Perguntámo-nos:
“Quem se encaixará neste tipo de problema?” – A resposta é simples, são
todas as pessoas que não fazem mais nada do que estar na internet, estão
viciadas, principalmente aquelas que passam a vida a jogar online. Até chegam ao ponto de não cumprirem os seus compromissos
ou de faltar às aulas/trabalho. Estes comportamentos estão relacionados com a
ansiedade e a depressão que estas pessoas sentem e arranjam a dependência como
solução.
“Como resolver
este tipo de problema?” – Bem, em Portugal ainda não há tratamentos para este
tipo de dependência, uma vez que, esta dependência da Internet é apreciada como
uma dependência comportamental, sem substância. Pelo que, apenas existem
tratamentos para as dependências de/com substâncias, como é caso do álcool e
das drogas.
Por esta razão, o próximo passo
da investigação do ISPA passará pelo desenvolvimento de formas de intervenção e
terapêuticas para contrariar o vício online nos jovens em Portugal.
Há muita mais informação sobre
este assunto, procure e tente-se informar - “Cuide de si e dos seus!”
Elisabete Gonçalves
BPHL Assessoria Consultoria | Formação
2015/10/05, Artigo de Opinião publicado n' O Jornal do Neiva - Seja um leitor assíduo, acompanhe mensalmente!
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